Três projetos de pesquisa da instituição mais antiga da Amazônia são reconhecidos por sua excelência pelo Ministério da Ciência e Tecnologia
Agência Museu Goeldi - Buscando tornar mais transparente o Programa de Capacitação Institucional (PCI), desenvolvido nas Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Prêmio Bolsista Destaque do PCI apresenta os resultados das pesquisas realizadas nessas unidades em um lançamento editorial de março de 2010. A edição compila e realça os trabalhos do Programa que foram concluídos entre os anos de 2006 e 2008, além de incentivar os novos cientistas.
Do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), foram selecionados três trabalhos, sendo dois das Coordenações de Pesquisa e Pós-Graduação (CPPG) e de Ciências Humanas (CCH), e outro do Serviço de Comunicação Social. Os trabalhos selecionados, e publicados no livro, concorreram com as produções de outras Unidades do MCT, como o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
A principal motivação da existência do Prêmio, criado em 2008, é “ressaltar a importância da valorização da pesquisa e do ser humano frente ao avanço tecnológico”, lembra o Secretário Executivo do MCT, Luiz Antônio Rodrigues Elias, na apresentação do livro que está em sua primeira edição. Ao que o Subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa do MCT, Jose Edil Benedito, acrescenta no prefácio: “o livro brinda o sucesso desse Programa (PCI) e se mostra como um processo efetivo de incentivo ao desenvolvimento científico e de disseminação de conhecimento”.
Plantas medicinais - Nesse contexto, a pesquisa desenvolvida por Rolf Junior Silva, orientada pelo pesquisador do Museu Goeldi Hilton Costi, visava contribuir para o conhecimento científico sobre a espécie Piper callosum Ruiz & Pav., que se destaca do conjunto das plantas aromáticas e medicinais da Amazônia como uma alternativa viável ao desenvolvimento sustentável da região.
Um dos trabalhos selecionados, a pesquisa de Rolf possibilitou estabelecer os padrões histológicos do táxon que são úteis ao controle de qualidade utilizado em testes de autenticidade. “Como na Amazônia as fraudes e adulterações de plantas medicinais e drogas vegetais são comuns, o estabelecimento de tais padrões exerce impacto direto não apenas no âmbito cientifico como também na saúde humana”, explica o bolsista PCI em seu trabalho.
O orientador da pesquisa lembra que prêmio é sempre um incentivo ao trabalho do bolsista, mas também um reconhecimento para o seu orientador que tem a sua pesquisa mais estimulada. “O prêmio mostra que o estudo que está sendo desenvolvido na instituição está no caminho certo, além de capacitar os seus recursos humanos”, diz Costi.
Arqueologia na Amazônia - Também visando contribuir para o conhecimento a cerca da região amazônica, a pesquisa da bolsista Elisangela Oliveira realizou uma análise da cultura material identificada nos sítios arqueológicos localizados nas mediações do Projeto Salobo, no município paraense de Marabá. Orientado por Maura Imazio, da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi, o estudo tinha como objetivo contribuir para o melhor entendimento da ocupação de grupos ceramistas pré-coloniais na região de Carajás.
Para a Elisangela, a bolsa e o prêmio são importantes para o Museu Goeldi como um todo, mas com destaque para a área de Ciências Humanas, a qual pertence o seu estudo, pois são fonte de incentivo à pesquisa cientifica e de formação recursos humanos na região. “O prêmio também é uma forma de reconhecimento, e busca-se com ele a ampliação das bolsas PCI, que são poucas na minha área”, acrescenta a bolsista.
O artigo premiado e compilado no livro apresenta as diretrizes metodológicas empregadas na análise dos artefatos cerâmicos identificados nos sítios pesquisados, mas também propõe desdobramentos. “Um dos produtos da pesquisa será a publicação do primeiro catálogo de formas de vasilhas e motivos decorativos referentes ao material identificado no sudeste paraense”, conta Elisangela, na conclusão do artigo. Segundo a bolsista PCI, essa publicação seria uma obra inédita para a arqueologia da Amazônia Oriental.
Jornalismo e o Museu Goeldi - Já o estudo de Maria Lúcia Morais* visava investigar quais os assuntos pertinentes ao universo da Arqueologia e da produção científica do MPEG despertam maior interesse na mídia impressa, além de verificar como esses assuntos são noticiados e quais conceitos e argumentos são utilizados pelos jornalistas. Sob a orientação da analista de C&T Jimena Felipe Beltrão, a pesquisa revela uma agenda jornalística pautada pela esfera pública, com a predominância de pesquisadores e gestores como fontes de informação para legitimar os estudos produzidos, além dos principais temas da cobertura jornalística sobre a produção científica do Museu Goeldi.
Para a bolsista, ter o trabalho compilado mostra a seriedade da pesquisa e já é “uma grande vitória, haja vista que é uma honra, para qualquer pesquisador ou estudioso, representar em um concurso nacional uma instituição como o Museu Emílio Goeldi, com mais de 140 anos de pesquisa na Amazônia”, destaca. Além disso, a finalista do Prêmio lembra do reconhecimento que a publicação concedeu ao seu esforço em fazer pesquisa de qualidade no âmbito da Comunicação, uma área de pouca tradição, em termos de pesquisa científica.
Ainda segundo Maria Lúcia, o Programa possibilitou a capacitação de profissionais jornalistas para atuarem também na produção de conhecimento científico sobre a área em que atuam, a Comunicação. “Enquanto jornalista, esta foi uma oportunidade única, de aprendizagem, de análise e de reflexão, da prática jornalística na nossa região. Daí a importância desse processo ter continuidade, para que outros profissionais da área da Comunicação tenham a oportunidade de se capacitar e de produzir conhecimento”, ressalata.
Diante, então, dos resultados obtidos com as diversas pesquisas desenvolvidas pelos bolsistas PCI, não só do MPEG, que tiveram o merecido reconhecimento na publicação do livro, o Secretário Executivo do MCT encerra a apresentação da edição lembrando da importância desses estudos, e se dizendo estimulado com seus frutos: “Os resultados colhidos com tal trabalho nos estimulam a continuar a importante tarefa de motivar a pesquisa e disseminar o conhecimento cientifico e tecnológico por todo o país”.
* Maria Lúcia Sabaa Moraes é diretora da Abrajet Pará
Texto: Vanessa Brasil
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