quarta-feira, 17 de março de 2010

Trade se revolta com descaso pelo turismo paraense

O turismo paraense enfrenta uma das mais graves crises dos últimos 20 anos. Além de uma localização geográfica desfavorável em relação aos principais mercados emissivos do mundo está também distante dos principais mercados receptivos. Dados do Belém Convention e Visitors Bureau apontam que, entre 2011 e 2012 a taxa de ocupação na rede hoteleira em alta temporada pode chegar a 33% e em baixa a insignificantes 11%. As razões são inúmeras entre as quais o aumento na oferta de leitos, que nesse período vai beirar os 15 mil leitos, contra os cerca de 10 mil atuais. Na contramão dessa oferta, a falta de investimentos do Estado e do próprio trade na promoção do destino, principalmente no mercado internacional.

Uma reunião realizada por diversas entidades da sociedade civil organizada e do setor privado, na sede da Abav Pará, na última terça-feira (16), revelou a insatisfação geral, principalmente do descaso do governo com a situação.

“Este governo não tem compromisso com o turismo paraense”. Afirmou Orlando Rodrigues, presidente do Belém Convention, para quem é preciso romper com a iniciativa governamental e buscar mecanismos de desenvolver o turismo sem apoio do poder público.

Para Rose Larrat, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav- seção Pará), essa atitude de descaso do Estado com o setor se agravou ainda mais quando a advogada Ann Pontes abdicou da presidência da Companhia Paraense de Turismo (Paratur), há cerca de seis meses. O cargo, até esta semana, vinha sendo ocupado interinamente técnica Conceição Silva da Silva, funcionária de carreira da Paratur e interlocutora da política de regionalização do turismo junto ao MTUR. Mas, uma decisão política deixou o trade ainda mais frustrado.

“A indicação de Luis Antonio Souto para assumir a Presidência da Paratur, como contra partida política do atual Governo ao PSC, causou em todos nós um misto de surpresa e indignação. Jamais imaginávamos que eles pudessem chegar a tanto. Há anos a ABAV vem denunciando e cobrando do Governo uma definição sobre a prioridade ou não de uma política para o desenvolvimento do Turismo Paraense. A atual decisão, confirma que a Paratur é moeda de troca política. A escolha de uma pessoa sem nenhuma ligação com o setor, apenas para satisfazer um pequeno partido político, dá a dimensão do descaso do Governo, para com nosso seguimento”. Lamenta Larrat.

Para ela e dezenas de entidades que integram o Fórum Estadual de Desenvolvimento Turístico do Estado do Pará (FOMENTUR), é hora de um posicionamento radical. “Precisamos estar unidos para darmos um basta a esse Governo que tem tratado o Turismo de forma tão leviana. E hora também de mostramos que temos competência para desenvolver nossos negócios sem a participação do Estado”. Afirma Rose.

Como forma de protestar contra a decisão unilateral da governadora Ana Júlia Carepa de nomear um “leigo” para o turismo, as entidades que integram o Fomentur prometem participar pela última vez, no próximo dia 29, de uma reunião da entidade.

“Iremos somente para protestar”. Afirma Rui Martinni, diretor e ex-presidente da Abav Pará. Entre as entidades que estiveram reunidas na última terça-feira e comungam da mesma decisão estão o SINDETUR-Pará, ABAV-Pará, ABRAJET-PARÁ, SHBRS, ABRASEL, Belém Convêntion, entre outras, que criticam a postura de descaso e falta de investimentos do governo para o turismo paraense.

Procurada pela Abrajet a ex-presidente interina da Paratur, Conceição Silva da Silva, preferiu não se manifestar sobre o assunto. Apenas reforçou que a Paratur, com apoio do Hangar Amazônia pretende realizar a Fita 2010-Feira Internacional de Turismo da Amazônia dentro do cronocrama que será apresentado no próximo dia 29 durante reunião do Fomentur.

O evento é o mais importante de toda a Amazônia para o setor de turismo e sua realização pode sofrer enfraquecimento diante do quadro "conflituoso" do trade.


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